17 março 2011

A Unificação Italiana e a Emigração de Antonio Perazzo


Antonio Perazzo in memorian - Um herói anônimo.



17 de março de 2011. Festa na Itália. Hoje é um grande marco na história do país e principalmente de sua população, pois a 150 anos atrás tal país estava sendo unificado. Um movimento iniciado no ano de 1815 até o ano de 1870 fora chamado de Risorgimento, em português ressurgimento, o qual buscava unificar o país que antes era um conjunto de pequenos Estados sob a influência de potências estrangeiras. O rei do Piemonte-Sardenha, chamado de Vítor Emanuel II, da Casa de Saboia, apoiado pelos conservadores liberais, obteve sucesso quando entre 1859-1861 formou a Nação-Estado, estando em um nível de forças acima de partidários esquerdistas, republicanos e democratas que militavam sob o comando de Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi. A tão sonhada e esperada Unificação Italiana aconteceu assim, na Casa de Saboia, com anexação e domínio dos Reinos da Sardenha, da Lombardia, do Vêneto, das Duas Sicílias, do Ducado de Modena e Reggio, do Grão-Ducado da Toscana, do Ducado de Parma e dos Estados Pontifícios. A primeira parte do Risorgimento, aconteceu entre 1848-1849, onde se desenvolveram vários movimentos revolucionários e uma guerra contra o Império Austríaco, mas esta se concluiu sem modificação do status quo. A segunda parte gerou-se de 1859 a 1861 quando o Vítor Emanuel II foi proclamado Rei da Itália, a 17 de Março de 1861, e a comunidade internacional, com exceção da Áustria, reconheceu o nascimento do novo Estado Italiano. Logo após, em 1865, a capital Turim foi transferida para Florença (Firenze), já falecido o Conde Cavour. A Unificação, de fato, estaria completa a 20 de Setembro de 1870, com a anexação de Roma, antes capital dos Estados Pontifícios. Dessa forma, os italianos comemoram piamente a 17 de março de 1861 o nascimento do Estado Italiano, um marco de luta pela liberdade contra as potências estrangeiras e a demonstração da força de seu povo em busca de um ideal. Pode-se perceber, nos mais diversos lugares, a determinação de um povo que não aceita desavenças e critica as formas de governo autoritárias, fatos marcados na história desde épocas do Império Romano. Em meio a este contexto estava Antonio Perazzo, filho de Gaetano Perazzo e Domenica La Guardia, tendo quatro irmãos (Antonio, Biaggio, Francesco e Vincenzo), o italiano ascendente de nossa família, nato a 30 de agosto de 1847 a San Giovanni a Piro, uma comune da provincia de Salerno, na região da Campania, que em meio a crise obteve uma solução de sair de seu país de origem em busca de melhorias na qualidade de vida, um homem de coragem e ousadia que cruzou o Oceano Atlântico sem ao menos saber o que lhe esperava, pois assim como diz Zuleika Alvim: "o Sul era retrógrado, com uma economia agrícola que guardava aspectos de servidão". Além disso, o Estado brasileiro emitia a todo tempo propagandas com um intuito de formar uma nova massa de trabalhadores para a lavoura de café, até então os negros africanos haviam sido alforriados, pois já vigorava no país a Lei Áurea. No final da segunda metade do século XIX chega ao Brasil Antonio Perazzo, não se sabe os motivos de sua vinda para o Nordeste, já que a maior parte dos italianos foram para o Sul e Sudeste. A partir daí, Antonio virara comerciante, negociante e viajava pelo interior do estado de Pernambuco para cumprir com suas atividades e manter o seu meio de sobreviver. Nestas idas e vindas, fixou residência no município do sertão pernambucano Afogados da Ingazeira. Casou-se com uma moça pertencente ao patriarcado rural. Logo, tornou-se capitão da Guarda Nacional. Não voltando mais a Itália, veio a falecer em 1917 na cidade onde está sepultado, Jabitacá, atualmente distrito de Iguaracy, Pernambuco. Apesar de sua origem aparentemente simples, fundou uma família de grande projeção social, a qual apresenta e apresentou advogados, médicos, professores, administradores, lideranças políticas, autoridades públicas, comerciantes, ou seja, pessoas que contribuíram e contribuem para a melhora e o crescimento da região, do lugar onde quer que esteja. Portanto, homenagens devem ser sempre feitas a aqueles que buscaram a realização de um fator modificante para um certo clã social. Assim como os idealistas construíram uma nova Itália a 150 anos atras, Antonio Perazzo, também teve seu heroísmo, pois ajudou a contruir um país chamado Brasil. Dessa maneira, nossas homenagens aos participantes da Unificação Italiana e ao nosso ascedente que por uma atitude inovadora deu origem a esta família grande e maravilhosa. Um viva aos heróis, aqueles que anseiam por mudanças e novas concepções, sejam anônimos ou não!!!

Abraços a todos,

Álvaro Monteiro Perazzo